quinta-feira, 18 de março de 2010

PITADAS DE SABER

PITADAS DE SABER
Caso eu lhe perguntasse, meu amigo e minha amiga que me lê neste instante, para que serve uma baforada fedida de charuto, você iria me responder, do alto de sua sabedoria, que não serve pra nada, talvez unicamente para poluir o ar; ou, na melhor das hipóteses, para espantar mosquitos. Mas, veja comigo o seguinte: Em 1881, em Málaga, na Espanha, nascia Pablo Picasso. O recém-nascido não chorou nem parecia respirar. Seu tio, reconhecidamente inquieto e fumador de charutos, quando soube da situação entrou na sala de partos e tascou uma forte baforada nas ventas do sobrinho, a criança deu um grito seguido de choro, e sobreviveu.
Seus primeiros anos de escola foram de intranquilidade para os pais. O menino não conseguia aprender leitura nem escrita. Fazer contas, então, era um Deus nos acuda, até que seu professor teve a ideia de relacionar números com figuras: O 2 era um pombo, o 4, um homenzinho narigudo, o 9, um ratinho fugindo, e assim por diante. Foi a salvação!
Aos oito anos, pintou seu primeiro quadro, um homem montado a cavalo. Seu pai adorava, além do filho, três coisas: pombos, touros e pintura. Já tendo se mudado para La Coruña, saídos de Málaga e de Barcelona, quando viu a obra do filho, então com quinze anos, passou-lhe seu pincel e sua paleta, nunca mais pintou, e morreu em 1913, com 72 anos.
O nome completo de Pablo Picasso, Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno Maria de los Remedios Cipriano de la Santíssima Trindade Ruiz y Picasso, era quase tão grande quanto seu talento, uma mistura dos nomes da parentela recheada com o Maria de los Remedios. O sobrenome Picasso veio da mãe, que morreu em 1939 aos 83 anos.
O filho de José Ruiz Blasco e de Maria Picasso Lopez casou-se várias vezes, cinco ao todo, e o primeiro de seus quatro filhos (dois casais), meu chará, nasceu em 1921. Paloma, sua caçula, nasceu em 1949. Sua irmã mais velha morreu de dificteria, e foi justamente do médico que a assistiu, muito amigo de seu pai, que Picasso pintou seu primeiro retrato.
Estive pensando, cá com meus botões: E se à época do nascimento de Picasso também em Málaga existisse a Lei anti-fumo, com as mesmas implicações que hoje subsiste em São Paulo (com a qual concordo incondicionalmente)? Seu tio, embora proativo, nada poderia ter feito, não teria acendido seu charuto e baforado o sobrinho nascituro. O mundo não teria conhecido, possível e lamentavelmente, um dos maiores gênios das artes plásticas. Ou seja, nada é tão ruim que não sirva para alguma coisa.
Minhas expectativas são de que estas informações dilatem o conhecimento de muitos e ratifiquem os de outros tantos. De pitada em pitada, sobe-se os degraus da escada do saber, não é verdade? Mesmo porque, se falar mal dos políticos, como se tem feito pelos séculos dos séculos sem fim amém, não adianta nada, o melhor é cuidar de outras coisas.

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