quarta-feira, 11 de abril de 2012

TRIBUTO A CHICO ANYSIO



O Brasil perde as graças, se entristece.
Pantaleão, o que de nada se esquece,
Deixa a cadeira de balanço balançando.
Alberto Roberto, mui modesto, aborrecido,
Não “garava” mais, pronto, em definido;
Véio Zuza, o cachimbo fumarando

Deixa; “He He He! O veio entende, meu fio...”
Sem Raimundo Nonato, desconfio,
A Escolinha encerra-se, infelizmente.
E pra falar de loucura, seu Albarde
Deixa, enfim, o consultório, sem alarde,
E se vai para bem longe da gente.

“Lá em mil novecentos e vinte e sete...”
Só de pijama e caolho, sem topete,
pé no assento, os causos fluíam aberrantes.
“Pedro Bó!!! É mentira, Terta!? – Ver-da-de!”
Pantaleão, “poi bom!”, em fins de tarde,
Recebia os compadres visitantes.

Deixa-nos Albino, o mal compreendido,
Por alienado muitas vezes tido
Só por tentar morder a própria orelha.
“Quero que pobre se exploda!”... (Ojeriza!?)
Justo Veríssimo se foi de cara lisa,
Deixando por aqui muita parelha.

Alfacinha, lisboeta e torcedor
Do Benfica, um exímio vendedor,
Não bate mais às portas; desistiu
De vender seus exóticos produtos.
- Onde deixou-nos “seu cartão”, ó Brutus?
... Assim, sem avisar, foi outro que partiu.

Mestre Apolo deixou Dona Pureza
“E morreu... disso!” (O que é a Natureza!)
Prejudicados ficamos, e com saudade.
Tadinha da mulher, viúva, cismada,
De ninfomaníaca pra sempre acusada,
Foi deixada assim: sem dó nem piedade.

“Ca-la-da! Senta aí!”. “Isso não é mulher...”
Nazareno, infeliz como qualquer
Um que “deseja ser e não consegue”.
Tomou um porre naquele dia e não viu
Tanta feiúra na mulher que assumiu.
Às moscas, enfim, deixou Sofia entregue.

Coalhada... Ah, bem agora! - sacanagem! -
Sai de campo antes que a arbitragem
Dê por encerrada a partida. Deixa o Brasil
Desfalcado de seu gênio; afinal,
Deixa a Seleção do próximo Mundial,
Pra agonia desse povo varonil.

“Eu... Eu trabalho na Globo, tá legal!?”
Velho Bozó gaguejando, surreal,
De dentes proeminentes, - Que figura!
Também se foi, “trampar” sabe lá Deus...
Deixou a namorada – bela Mazzeo –
Assim, sem mais nem menos... Que loucura!

“Povo de Chico City...!” – Empresário,
Ex-Prefeito e corrupto, falsário,
Foi inaugurar umas obras no céu.
Canavieira era assim, uma peça rara,
Que enganava o povo cara-a-cara.
Sem “ouuutra despesa”, se escafedeu.

“Vai ficar com cara de bundão, ó, ó!”
Arre, jovem adolescente! JÓ,
de Jovelino e VEM, de Venceslau.
Tão jovem e se manda, nem se toca.
Mas “jovem é outro papo”, seu boboca!
Foi-se e pronto, Et-cétera e... bau, bau.

Ora, “Eu sou doooido por essa neguinha”
Era a razão da graça vossa e minha,
Dito de Painho, bicha e pai-de-santo.
“Sou! Mas... quem não é?”... Malandro Tavares,
Normalmente bêbado entre seus pares,
Teve que suportar Biscoito... E quanto!

Lobo Filho, este amigo de vocês.”
A voz do rádio em bom português,
Locutor perspicaz, nada bobo,
Foi famoso em rádio e telejornal.
Mas de repente a notícia é fatal:
Saiu do ar, bem nesta tarde, o “show do Lobo”.

Ante o fato, fiquei muito intrigado:
Como pode um cara assim tão arretado,
de Maranguape, CE, por nome Chico,
Ir-se, tal não soubesse, companheiros,
Que, indo-se, morrem muitos brasileiros;
Mais de duzentos.... Qual é, seu Francisco!

E um montão, de uma só vez, se foi, enfim,
“Antes do combinado”, diz Boldrin,
E nos deixa órfãos de raro talento.
O HUMOR brasileiro se apequena e jaz
Nesse vazio de GRAÇAS e de paz,
Neste misto de perda e sentimento.