sexta-feira, 25 de março de 2011

TRÊS MARAVILHAS

Veja, as plantas se combinam e fazem,
graças à variedade, uma Paisagem,
e do matiz das flores, uma aquarela.
Destinatária de tal sublimidade,
não me surpreende que a Humanidade
seja a primazia de Quem fez a Tela.

Também com a Música há igual magia:
mesclam-se as notas, nasce a melodia,
e tudo se encaixa num pentagrama.
Outra vez os Homens, privilegiados,
por trilhas sonoras são acalentados
e superam as dores no meio do drama.

Neste ambiente, pois, de sons e beleza,
não raro marcado pela aspereza,
surge você, Mulher, com seu sorriso.
Por seus encantos o homem, deslumbrado,
permite-se ir, pseudotransportado,
para um lugar chamado “paraíso”.

Paisagem, Música, Mulher... as três,
(todas a um tempo ou uma de cada vez),
transcendem o mais puro entendimento
e fazem de todos nós, simples mortais,
senhores destas emoções vitais,
sob essa Luz que vem do Firmamento.

VERSOS PARA LIRIEL

No palco do Raul brilhou uma luz e tanto.
Era então sábado e... eu me emocionei.
Que voz belíssima! – foi o que falei,
impactado, ouvindo aquele canto.

No seu jeito simples, no riso, na cor
vi a brasileirice expor-se, triunfante.
Meu Deus! Meu Deus! – pensei naquele instante –
eis uma estrela de raro esplendor.

“Liriel, da flauta tem a sonoridade
a tua voz ” , disse-nos com propriedade
José Messias, jurado proeminente.

Solta, pois, essa voz de recursos mil;
canta para nós, povo do Brasil,
que de brilho assim vive tão carente!

QUERO

Do Oceano quero toda a profundeza;
Do Firmamento, todo o esplendor da Lua;
Do maior de todos os Poetas quero sua
Lira, encanto e arte da Natureza.

E, se mais desejo, quero a inteireza
Desses poderes, dos quais, polida e nua,
Emana essa emoção que se perpetua
No lugar-comum de minha singeleza.

Quero esses pendores, já, em prosa e rima,
Para fazer deles a matéria-prima
De meus valores, agora tão dispersos...

Que não me cobrem o merecido preço
Nem insinuem sequer que os não mereço,
E aceitem como paga estes meus versos.

QUANDO SE PERDE UM GRANDE AMOR

Se alguém perde um grande amor, toda luz
de seu olhar numa lágrima se apaga;
sua alma se entristece, fica-lhe amarga,
seu ânimo a desânimo se reduz.

Em versos se esmera, mas não traduz
o mal que o transtorna, castiga e esmaga.
Mira o infinito, e perde-se, e se indaga,
e caminha sob a dor que o conduz.

Porém tudo passa, assim como a vida,
e a mesma dor mostrar-lhe-á uma saída,
seja próxima ou seja quando for.

Mas da luz, que a lágrima enegreceu,
não volta o brilho, caso você – ou eu! -
tenha perdido, enfim, um grande amor.

PENSANDO ALÉM

Caminho por aí a divagar no tempo,
a inquirir do tempo o tempo que me resta...
se me resta tempo pra me pôr à testa
das prerrogativas de meu pensamento.

Então me ocorre fazer um juramento
e prometer pra nós uma grande festa,
um grande evento, quem sabe uma seresta
com todos os acordes do encantamento.

Dar-se-á, então, o encontro de nós dois;
tudo que não se fez se fará depois,
pois todos os sonhos consumar-se-ão.

E seremos um só, no tempo e no espaço;
darei cabo às juras que amiúde faço;
fundirei no teu todo meu coração.

OFERENDA

Pus o melhor de mim num relicário
e to ofereço, à guisa de presente.
Aí está meu Coração que, de repente,
bate ao sabor de meu imaginário.

Um detalhe: pus minha Lira junto,
pra te encantar e te fazer só minha,
pois és o amor, a musa que eu não tinha,
és meu itinerário, meu ar e o meu assunto.

Recebe, amor, o que hoje quero dar-te,
mesmo oferecido sem engenho e arte,
mas embalado com todo meu empenho.

Vamos, te peço, estende-me tua mão;
guarda, no teu, todo meu coração
e, no teu espírito, a lira que tenho.

OLHOS NOS OLHOS

Não sei se por amor, se por desejo,
mas se meu olhar com o teu se estreita,
em meu pensamento te alcanço e vejo
que meu coração com o teu se ajeita.

Então, teu corpo com meus braços busco;
te toco, e te aperto, e te acaricio;
e com a luz de teus olhos me ofusco...
E no fogo da paixão me extasio.

Mas, depressa acordo pra realidade
e me dou conta de que a idealidade
nem sempre nesta vida se conquista.

Contudo, o amor guardo e o desejo esmero,
e se mais te encontro inda mais te quero;
se te perco, mais se me aguda a vista.

AMIGO UNIVERSITÁRIO

(Reporto-me a cada aluno de minha turma)

Gostaria sim, caro amigo, de revê-lo
e confidenciar-lhe minha luta inglória,
pois com você vivi parte de uma história
que foi interrompida por um pesadelo.

Porém seria inoportuno, hoje, envolvê-lo
com minha dor agra e perturbatória;
melhor deixá-lo ao sabor dessa Vitória
do intelecto, fruto de seu empenho e zelo.

Parabéns, Bacharel em Administração!
Aceite meu abraço e minha gratidão
por toda paciência que me dispensou,

sempre que com você dividi momentos
de amenidades e de conhecimentos
que a Universidade nos proporcionou.