quinta-feira, 18 de março de 2010

DE REPENTE...

De repente,
Posso até me sentir mal,
Pois, de resto, sou igual
A todo mundo,
E de repente, sem querer,
Posso até me entristecer,
Por estar muito doente;
Pôr-me, assim, num canto,
Perder todo o encanto
Pela vida.

Na realidade, a vida é um fragmento
Posto entre a terra e o firmamento.
A morte é um instante, na realidade,
Entre o sofrimento e a saudade.

Posso até sentir nova emoção,
Tirar os pés do chão
E a mente do passado,
Sem futuro e sem legado.
Fora do que pode a medicina,
Talvez seja essa a minha sina,
Minha sorte no porvir.
Mas quero ficar bem
E sentir-me como alguém
Que volta à vida.

Na realidade, a vida vem e passa,
Tal e qual uma nuvem de fumaça.
A morte acontece e deixa luto,
Com seu poder infinito e absoluto.

De repente,
Passo a ser uma quimera
Sem verão nem primavera,
Sem outono nem inverno;
Virar tão-só fotografia,
Pra lembrarem que um dia
Existi, sem ser eterno;
Que amou, que se mexeu,
Que sorriu, que pretendeu
Viver a vida.

Na realidade, a vida é a ocorrência
De um plano sem consistência.
A morte - herança líquida e certa,
Que da vida e do mundo nos liberta.

Posso manter minha existência,
E com e por sua influência
Reconquistar a alegria,
Sorrir como antes eu sorria,
Sentir todos os prazeres,
Dizer em versos meus dizeres;
Mergulhar no mar,
Aquecer-me ao sol,
Contemplar o arrebol,
A luz da Natureza;
Sentir toda essa beleza,
A vida respirar.

Na realidade, a vida é como o vento
Que sopra e passa, num momento.
A morte – sórdida – a vida arrebata,
Sem dizer de que modo e em que data.

De repente,
Por acaso ou por querer,
me pôr mais junto de você,
Ficar pasmo, deslumbrado,
Ainda mais apaixonado...
Fazer o que sempre quis:
Abraçá-la forte e com ternura,
Em dia claro ou noite escura,
Beijá-la, beijá-la... E de novo ser feliz,
De repente...

Nenhum comentário:

Postar um comentário