quinta-feira, 18 de março de 2010

ORGULHO E VAIDADE

Saí à procura, insistentemente,
de um amigo fiel, bom, inteligente,
humilde, probo, falto de vaidade.
Então me deixei ir, fiz-me peregrino,
reintegrado à alma de menino,
tomado ao jeito da simplicidade.

Percorri avenidas, ruas, becos, praças,
desci aos recantos das pobres massas,
bati à porta do privilegiado.
Corri em busca da sã juventude,
de minha parte fiz tudo que pude,
mas ainda aí não logrei resultado.

Adentrei os templos dos religiosos,
apelei para os homens mais idosos,
dialoguei com raças as mais diversas.
Igualmente saí convencido, certo
de ter, ainda, pregado no deserto,
porque foram nulas minhas conversas.

Contudo, fui em frente, fui aos intelectuais,
fui ao encontro dos que sabem mais,
e qual não foi também minha surpresa,
pois me fizeram crer que nada sei,
que tudo quanto quero fere a lei
mais comum da humana natureza.

- Meu caro, disseram-me com desdém,
com este perfil não acharás ninguém,
não é possível achar entre os mortais,
qualquer que lhe seja o credo, a raça,
seja no apogeu, seja na desgraça,
numa só pessoa esses traços morais!

Estavam certos os doutos senhores,
não há alma que some ditos valores.
Cada um com a sua especificidade,
dependendo só do momento ou fato,
somos todos iguais no uso e no trato
de nosso orgulho e de nossa vaidade.

Voltei atrás! Desisti da procura
de um amigo com esta estatura
moral, este utópico gabarito!
Nem quando olhei para dentro de mim
logrei achar alguém tão bom assim:
A alma sem dolo e puro de espírito.

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