quinta-feira, 18 de março de 2010

MISTÉRIOS DO AMOR

Não posso dizer que sou um devorador de livros, ou de revistas, sobretudo os/as de cunho científico, mas tenho lido, sim, algumas obras, de autores diversos, e visto muitos jornais televisivos e impressos, etc. Nunca, porém, tive alguma informação, lida ou ouvida, que explicasse, ainda que superficialmente, sobre as enigmáticas causas que fazem duas pessoas se atraírem em detrimento de outras que com elas interagem. Algo como: Por que João prefere Maria a Ana? Por que Edna escolhe Antônio e não Pedro? Qual, ou quais forças da Natureza, ou sei lá de quem, comandam esses fenômenos amorosos? Ou, se preferem, o que é que um ser humano tem e o outro não para ser aceito por este ou esta e descartado por aquele ou aquela? Seria o jeito de Maria olhar para João, o timbre de sua voz, algum trejeito especial, o modo de andar... E Antônio? O que será que ele tem que a Edna não viu ou não sentiu no Pedro? Essas coisas se dão às vezes sem o ingrediente que chamamos de “beleza”, pelo menos a beleza considerada sob a ótica dos que dela se dizem entendidos - a aparência física. Rosa, feia para a maioria, parece linda aos olhos de Joaquim; Benedito, magricela e careca, é o HOMEM da vida de Severina. E daí? Quem explica isso? E olha que muitas vezes se dá até o caso de “Flávio” causar mazelas na alma de “Carla” e de “Saulo” fazer sofrer a “Monalisa”, e ainda assim eles não se conseguem imaginar um sem o outro. A impressão que tenho é a de que ninguém, nenhum psicólogo, nenhum psicanalista, psiquiatra, ou seja lá que diploma tenha, ninguém pesquisou sobre essa força mágica – não sei se diga esse “laço singular e sobrenatural” – que faz de duas pessoas as preferidas uma da outra. O homem e a mulher comuns, desinteressados todos eles, creio, na questão que aqui levanto, acharam apenas uma expressão para potencializar afetivamente o outro, e isto já virou uma unanimidade: ALMA GÊMEA! Há até os que preferem outra expressão ainda mais popular, parte, mesmo, como aquela, de letra de música da MPB: A OUTRA METADE DA LARANJA. Mas esses são tão somente os modos de um definir o outro em relação a si, nada mais que isso. A minha pergunta continua sendo: Que correntes enigmáticas – desculpem a minha falta de termos para dizer o que quero dizer – transitam entres essas “almas gêmeas ou essas metades de laranja”? Por que João não escolhe Ana, e Edna, Pedro? Poderia até alguém se dar por satisfeito com as colocações que fiz acima: o jeito de olhar, o tom de voz, etc, mas estou convencido de que esses detalhes, sozinhos, não fecham a questão. Explico-me: As tais almas gêmeas e metades de laranja muitas vezes emergem dos ares frios da internet, do navegar pelos lagos sombrios dos chats, antes que um sequer veja o outro cara a cara, olhos nos olhos, portanto ao arrepio das tais correntes enigmáticas. Um clica de cá, o outro clica de lá, mensagem vai, mensagem vem, e pronto, viram duas metades de uma mesma laranja ou duas almas gêmeas. E agora? Explicar como? Aqui pra nós, e até que alguém de extremas sensibilidade e sabedoria mergulhe nesse mar de incertezas e traga à tona, lavada e enxaguada, a equação desse problema, eu diria que esses mistérios do amor são insondáveis, e sobre suas definições e consequências, além das tantas já do domínio popular, valho-me aqui de Moacyr Franco, que disse – poética e musicalmente – tratar-se de um sentimento que é embalado pela respiração, faz ferida na alma, é um jeito antigo de querer, é valsa de Chopin, é um riso aberto pro futuro nos chamando, é poesia, parece sonho, faz nos sentirmos leve, causa calafrio, dói e aperta o coração como a saudade, nos faz rodopiar por aí como um tornado, nos faz esperar até amanhã, etc – e eu diria, por minha conta e risco, que nos faz esperar até sempre!

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