quarta-feira, 6 de abril de 2011

SOMOS UMA NAÇÃO DE BOBOS?

Esta e outras perguntas tenho-me feito sempre que me deparo com certos descalabros, desses que extrapolam o besterol nosso de cada dia. O caso agora é (e tem sido) o famigerado BBB, que para alívio dos que se ocupam de coisas melhores a edição 11ª acaba de terminar, tarde, é verdade, mas acabou. Mas em tempo quero me corrigir: Não devemos ser uma Nação de Bobos; essa exclusividade não é nossa, porque os bobos trafegam nesse e noutros chãos, sob clima tropical e sob outros climas, esbarram-se em todos os mundos, tanto que o tal programa veio importado, falando outra língua, criado, pois, para os bobos de outras plagas. Bobo também é uma palavra pesada demais para ser usada assim generalizadamente. Acho que estou indo longe demais! Afinal, o Brasil não é isso, somos um povo criativo, inteligente, altruísta, trabalhador, sensível, alegre. Mas como me expressar, eis a questão? É claro, também, que temos o sagrado direito de ser aquilo que queremos ser, pelo menos num País democrático. No final, o que importa mesmo é ser feliz, bobo ou não, e há – pasmem – os que se sentem felizes vendo na telinha uma porção de desocupados (desocupados, vírgula, antes uma gentelha doida para embolsar uma boa grana), sujeitos aos vexames e à pouca vergonha, arautos das abobrinhas mais indigestas, e os que os curtem – outra vez pasmem – abraçam de tal modo a sem-vergonhice global que gastam parte de sua grana para abarrotar ainda mais os cofres da Globo e das empresas telefônicas. E é aí que para mim a bobice (ou bobeira?) atinge seu clímax. É pagar por alguma coisa que de graça sairia caro. Mas de quem é a culpa? Essa é uma boa pergunta, dirão muitos. Será dos donos da Globo? Claro que não! Com tanta grana pingando em suas contas, até eu! Os outros canais também fariam o mesmo, se tivessem sido mais rápidos no gatilho. Tivesse a Natureza me dado mais cara de pau, eu me enfiaria naquela casa para tentar a sorte, eu e a torcida do Flamengo. O Bial, um homem preparado para coisas mais dignas, comanda o vil espetáculo, o que à primeira vista parece um desperdício, mas ganhando a grana que ele ganha, quem atiraria, nele, a primeira pedra? Sinceramente, todos que estão dentro da telinha nada têm de idiotas, são todos pra lá de equilibrados e sabidos, defendendo o pão de hoje e os de amanhã, seja na Playboy, nas novelas ou sabe-se lá aonde aquilo os levará. Mas, se os bobocas não estão dentro da telinha, confinados e diante das câmeras, onde encontrá-los? E quem lhes pode atirar todas as pedras que merecem, se as há suficientes? Talvez – mas esta é uma opinião muito pessoal, particular – os que têm o poder de fazer deste veículo chamado televisão algo mais comprometido com a educação, a cidadania, a cultura, com os valores da família, com os anseios da Pátria e dos patriotas, com os homens e as mulheres de bem. Mas nesta hipótese, as tais pedras lhes cairiam nas própias cabeça. Se estes valores fossem metas e normas de inserção legalmente obrigatória nos contratos de concessão do uso de canais de televisão e rádio, talvez a idiotice fosse mais figura de retórica e menos um atributo nacionalizado, identificado com a mesquinharia que invade nossos lares e nos despreparam para a beleza da vida e contemplação da Natureza. Mas está claro para todo mundo a confusão que rola em minha cabeça. Estou com a sensação de que não digo coisa com coisa, que estou viajando na maionese, no dizer dos moderninhos. Por isso passo a palavra aos que me suportaram até aqui. Aprovem, desaprovem, acrescentem, subtraiam, façam o que lhes passar pela cabeça, ou não digam nada, conforme a visão que tenham sobre estes que, por falta de outro atributo, chamo de bobos, embora admita que o maior deles possa ser eu mesmo, em última análise no conceito dos que estão se dando bem com os BBB. Até prova em contrário, aos bobos, e aos que os manipulam, não as batatas, mas os ovos podres! Permitam que o Brasil seja um mutirão universal de sábios, conforme já o é a maioria de seu povo.

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